domingo, 16 de dezembro de 2012

Quarto dia em Berlim

Aqui foto do mergulhador que limpava o aquário do hotel onde ficamos hospedados, o Radisson Blu. Ao chegar lá, pedi um quarto no primeiro andar porque tenho pavor de elevador, mas depois voltei atrás, topei sofrer um pouco para poder me deliciar com a visão. Fiquei hospedada no sexto andar, o último. Meu marido fala que eu parecia uma criança visitando pela primeira vez um zoológico. Todos os dias eu colava o nariz no vidro do elevador. Para tirar essa foto, entrei e não apertei o botão para descer. Rezei para que ninguém chamasse o elevador. Consegui tirar essa. Tentei deixar a as janelas dos quartos bem alinhadas. Foi difícil porque o mergulhador mexia muito. Vejam que o homem se segura com a ajuda de uma ventosa. Notei que a maioria dos peixes nadava em sentido horário. Somente um pequeno rechonchudo nadava em sentido contrario. Era a Jeanne do aquário!


Naquele dia, havíamos programado visitar a Hamburger Bahnhof, antiga estação de trem datando do século XIX, que ligava Berlim a Hamburgo. Foi desativada em 1884.

Parcialmente destruída na 2ª guerra mundial, o edifício foi recuperado e aberto em 1996 como Museu de Arte Contemporânea.
Podemos admirar obras de Andy Warhol, como este enorme retrato de Mao Tsé-Tung, e vários trabalhos do Roy Lichtenstein, entre outros.


Aqui uma obra do Ryan Gander (nascido em 1976). Vejam o tamanho da obra apoiada naquela placa branca e quadrada em primeiro plano. Achei divertido notar que a sala inteira foi usada para acolher algo tão pequeno. Chama-se *A obra de arte que ninguém conhece*. Gander é famoso por causa do humor empregado na apropriação dos lugares e das coisas.

Fiz um close para mostrar a perfeição do trabalho. O bonequinho tem o tamanho de um pé humano. Representa o artista, que é cadeirante, caído ao lado de uma misteriosa caixinha azul.
Aqui uma obra do Joseph Beuys datando de 1977. Chama-se *Sebo, a escultura que pediu para não ser fria*. São enormes blocos de gordura animal! Nao sei qual foi o processo utilizado para conservar aquilo. A obra nao exala cheiro algum. Existe toda uma lenda em torno de Beuys. Nascido em 1921, ele dizia ter sido piloto da Luftwaff durante a 2ª guerra mundial. Pelo que ele falava, foi derrubado e caiu na Crimeia onde teria sido recolhido por nomades tártaros que o teriam alimentado com mel, lambuzado o seu corpo de gordura de animal e enrolado em cobertores. A partir daí, ele passou a utilizar mel, gordura, terra, manteiga, sangue, madeira etc. como material para criar a sua obra.
Enquanto eu observava as banhas, havia uma voz irritante que não parava de recitar Ja Ja Ja Ja Ja, Nee Nee Nee Nee Nee. Essa é outra obra do Joseph Beuys! Esta gravação data de 1968 e dura ao todo 1 hora, 4 minutos e 53 segundos! Haja paciência!

Fiquei muito intrigada pelo estranho trabalho do fotografo Morton Bartlett (1909-1992) que de 1936 até 1963 dedicou boa parte do seu tempo livre criando e fotografando bonecos esculpidos por ele mesmo em gesso. O seu trabalho era unicamente apresentado aos seus amigos mais próximos. Foi somente após a sua morte em 1992 que a sua obra foi descoberta. Dormia embrulhada em jornais no fundo de caixas de madeira. Em 1993, a revendedora de arte e antiguidades Marion Harris descobriu as bonecas numa feira de antiguidade, junto com 200 fotos encenadas. Ela comprou toda a coleção a mais tarde publicou um catálogo. Se fosse hoje, Morton Bartlett poderia ser visto como um pedófilo. Algumas figuras desnudadas têm órgãos genitais bem definidos e foram expostas em poses sensuais.
Um pouco de humor para alegrar um dia feio. A alemanha conduzindo a França para aprender algo na escola...

Indo em direção a famosa avenida Kurfürstendamm, atravessamos o belíssimo parque Tiergarten passando pela larga rua 17 de Junho. Pedi para o taxi parar um instante ao pé do Obelisco da Vitória. Eu queria tirar foto da estatua de bronze de 5 metros representando a deusa da vitoria militar, celebrizada pelo filme AS ASAS DO DESEJO do famoso diretor alemão Wim Wenders.

Depois de ter ficado impressionados pela imensa área de alimentos (7000m²) da loja de departamento KaDeWe (durante o segundo dia da nossa viagem), decidimos voltar para almoçar lá. Foi difícil escolher, porque no meio de tantos produtos alimentícios sofisticados, há uma quantidade incrível de espaços
*gourmet*, de barzinhos oferecendo tapas espanholas, massas, frutos do mar etc. Paramos frente ao balcão onde eram oferecidas iguarias asiáticas. Comemos maravilhosos rolinhos de primavera e um divino pato laqueado. Tudo preparado na nossa frente. Para beber, pedi um chá de jasmim e o marido uma cerveja de Singapura denominada TIGER. Recomendo este lugar!






Depois disso, seguindo a dica do nosso amigo Guilherme: fomos visitar o palácio Ephraim, construção barroca situada não muito longe do nosso hotel. O palácio foi demolido e parte da fachada conseguiu ficar intacta e conservada até a sua reconstrução em 1983. É considerada a mais bela esquina da cidade. O palácio oferece uma parte da coleção do Stadtmuseum, o museu da cidade. O seu interior não é fabuloso como a sua fachada e a coleção pode ser meio tediosa para quem não conhece profundamente a cultura berlinense. Num dos andares, havia uma coleção de quadros estranhos. O palácio ia fechar, mas de repente surgiu do nada um senhor lunático e visionário que quis porque quis nos explicar em detalhe cada quadro de um ponto de vista maçônico! Queríamos ir embora, mas o senhor não queria nos soltar! Ainda bem que um guarda chegou para nos expulsar do local! De lá andamos até um bar próximo onde tomamos um drink. Continuamos passeando pelo bairro Nikolaiviertel, muito charmoso e pitoresco. Comprei uma boneca folclórica e outras lembrancinhas. Depois fomos ao nosso hotel para nos preparar para o jantar.                                                      
Terminamos o dia jantando na filial da Brasserie Dressler, desta vez naquela situada em Ku-damm. A decoração é toda ART DECO. Pedi uma bandeja de ostras!