segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A moda em Sevilha

Achei Sevilha bastante provinciana. Isso não é uma crítica, pelo contrário! Adorei poder percorrer uma cidade pacata, serena onde não vi uma juventude transviada, onde não encontrei tribos urbanas estranhas. Da para passear a noite sem problemas. Achei o pessoal gentil e educado. Não encontrei dificuldade na hora de me comunicar. Eu falava em português e todo mundo me entendia assim como entendi todo mundo. Havia alguns detalhes charmosos como na hora em que o pessoal cobra em dinheiro.  Eles falam: doze Euros CON vinte centavos, por exemplo. O tipo físico é parecido como o do pessoal do Portugal e do sul da França. Não são muito altos, principalmente as pessoas mais idosas e a maioria é morena. Não via loiras, nem autenticas nem oxigenadas. As mulheres usam o cabelo na cor natural que é geralmente castanho escuro. Não são adeptas de muitos artifícios capilares.

Os espanhóis são bonitos de modo geral. Tem traços marcantes e belos olhos. Aqui uma jovem se destacando um pouco da média. Era mais alta do que os demais. Talvez uma turista. Vi rapazes com cabelos longos e costeletas compridas, não vi cabeças raspadas ou cortes curtos como no Brasil. Não vi também pessoas exageradamente malhadas ou mulheres com peitos de silicone. As belezas são naturais e nada artificiais. O pessoal fuma muito. As mulheres saiam em grupos, vão se encontrar nos terraços dos bares e levam os seus nenéns nos carrinhos. Bebam uns aperitivos, conversam e fumam enquanto os filhos dormem ao lado.

As mulheres maduras usam os leques para abanar-se quando faz mais calor. Parecia que eu tinha voltado à Espanha que eu conheci quando eu era pequena. A Espanha de Franco. As pessoas mais idosas se vestem do mesmo jeito conservador. As senhoras usam broches na lapela dos seus tailleurs, muito laquê no cabelo e pó de arroz no nariz. Já os senhores vestem malhas de lã debaixo de blazer azul marinho e echarpes de seda enfiadas nas golas em V. Vejam aquele senhor andando.
Vi este sapato na vitrina! Não agüentei, entrei para pedir informação. É feito sob medida e dura três meses para a gente receber um par personalizado. Diz o vendedor que é o preferido dos corredores de formula 1. Ele deve estar falando dos corredores de formula 1 da Espanha. Ou melhor, dos corredores de formula 1 da Andaluzia! Não falei que o pessoal é formal?
Encontrei este vendedor de rua todas as vezes que eu passei diante da (bela) estação de trem. Cada vez estava fantasiado com uma roupa diferente. Era bem amalucado no seu modo de falar. Foi a única figura diferenciada que encontrei. Vi também uma estranha cigana que mendigava numa rua do centro. Tinha um joelho que dobrava para trás como numa perna de pássaro.
As crianças são também arrumadas de um jeito formal. Dentro de um restaurante, vi uma menina vestindo as mesmas roupas que eu usava quando eu tinha uns dez anos! Mesma coisa na saída de um colégio, parecia que eu voltava ao passado! Nada de usar uniforme unissex! As meninas usam kilt escocês, meias azul marinho e blusas brancas. Vi também duas pequenas saindo de uma aula de flamenco. Deviam ter uns sete anos. Tinham saias compridas, e sapatos apropriados. Cabelo preso em coque e xale amarrado na cintura. Mexiam as suas castanholas enquanto andavam apressadas.


Já as adolescentes andaluzas fazem exatamente o que eu e as minhas colegas fazíamos ao sair da escola das freiras: dobrávamos varias vezes a cintura da saia para encurtá-la. Assim fez esta menina andando ao braço da sua avó
O que mais posso dizer sobre Sevilha? Vi poucas joalharias. Não vi nenhuma com um design arrojado e moderno. Todas têm um estilo antiquado. Vendem, por exemplo, crucifixos ou imagens rebuscadas da virgem Maria. Não vi livrarias, não vi shopping Center, não vi lojas de aparelhos eletrônicos. Acredito que devem existir na periferia da cidade. O centro permanece intocado. Parece que o mundo moderno ainda não invadiu as suas ruelas. Graças a Deus! Como eu já falei, encontramos lojas de azulejos, lojas de artigos religiosos, lojas que vendem doces e outras oferecendo bacalhau. Têm bares de tapas, bodegas, lojas vendendo roupas folclóricas. E só! Essa é a Sevilha que eu conheci e que amei de paixão. Recomendo absolutamente!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Duas lojas imperdíveis em Sevilha

Continuando um pouco sobre o assunto *roupas típicas*. Acho que é algo tão cultural que vale a pena parar um pouco para observar com mais atenção. Já falei que comprei roupas baratinhas para a neta, mas resolvi comprar uma roupa mais bem acabada e um pouco mais cara também. Entrei numa loja chamada DOÑA ANA. Havia uma profusão incrível de vestidos para meninas, adolescentes e mulheres. Tinha até alguns pendurados nas janelas de um pátio fechado.


Outra experiência muito legal foi entrar na loja Juan Foronda situada na Calle Sierpes. É o fornecedor oficial das mantillas da casa real. Tem outra loja da mesma marca perto de La Giralda, mas essa do centro é muito mais preciosa. É realmente o único lugar onde achei mantillas. Comprei também umas castañuelas para Laura.
As mantillas são usadas até hoje: pretas durante os momentos fúnebres e na semana santa, e brancas durante os festejos e as touradas. Não são usadas durante a feria.

A loja oferece também uns mantones de Manila. São uns magníficos xales de seda bordados a mão.

E os leques? Da para voltar sem comprar pelo menos um? Claro que não! É difícil escolher, cada um mais charmoso e delicado do que o outro.

comprando roupas para a neta em Sevilha

Uma das grandes curtições que eu tive em Sevilha, foi comprar roupas folclóricas para a minha neta. Eu trouxe uns quatro vestidos típicos, leques, castanholas, pentes, xales etc.
Podemos admirar vitrinas de roupas feitas sob medidas. Tem as lojas com roupas de qualidade com esta...

 
E tem também roupas mais em conta, feitas para as turistas, ou para quem quer comprar uma fantasia barata para se divertir. Nesta, comprei aqueles sapatos para a neta e o vestido com a franja branca (cuello) na gola.

 
Nessa daí eu comprei uns xales por uns 5 euros, algo assim. Eram bem baratinhos. Achei também uns leques (abanico) com um preço bem legal.
Nesta loja, uma senhora com traços fortemente mouriscos, ensinou-me como prender a mantilla com um broche. Ela estava acompanhando uma moça e juntas escolheram flores e acessórios para se fantasiar durante a feria. Ela comprou uns artigos na cor verde esmeralda que combinavam bem com a sua pele morena e o seu cabelo negro
 
Antes das duas clientes me orientarem, eu pedi informações à vendedora. Esta fez questão de me dizer que, como era de Lugo na Galiza, não conhecia os costumes sevilhanos!

Eu trouxe vários pentes (peina), alguns bem grandes mesmo.
As duas ultimas fotos foram tiradas na ultima noite da minha estadia em Sevilha. Foi quando eu voltava da lanchonete especializada em churros. Vejam que charme!


Acho essas roupas extremamente charmosas. Exaltem a feminidade sem serem vulgares!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Hotel Alfonso XIII e churros em Sevilha

Para terminar lindamente o sétimo e ultimo dia em Sevilha, fomos até a Plaza de America. É impressionante a quantidade de palomas que há nesta praça. Da para ouvi-las arrulhando bem alto. Vejam que bela imagem: um lindo cocheiro esperando um cliente debaixo de um pé de ciclamor. Havia um monte dessas arvores em flor. A visão delas enche a alma de euforia.

Fomos visitar o Museo de Artes y Costumbres Populares. Achei muito interessante porque podemos ver no subsolo uns ateliês mostrando o processo de fabricação do vinho, do azeite, dos azulejos, dos violões...

Havia também muitos moveis típicos bem rebuscados.
Demos um pulo só para dar uma olhadinha no mais belo e luxuoso hotel da região Andaluz: o famoso Alfonso XIII. Foi inaugurado para a exposição internacional de 1929. É onde descem as pessoas mais ilustres em visita à Sevilha.


Eu dei uma andadinha só para admirar rapidinho...
Amei este detalhe: Umas linhas presas no topo do pátio interno para poder esticar umas cortinas e assim cortar o efeito do sol durante o verão e fornecer uma sombra agradável.

Seguimos depois para a antiga fábrica de tabaco onde dizem que a famosa Carmen de Prosper Mérimée trabalhou. Data de 1771. Empregava até 3000 operárias que enrolavam os charutos por cima das suas próprias coxas. Para impedir o contrabando, foram construídos 300 metros de fossos, guaritas e até umas celas onde eram presos os operários que tentavam roubar. Hoje é a sede da universidade de Sevilha.



Não percorremos o edifício porque é considerado o maior depois do Escorial. Já estávamos cansados demais. Só fizemos passear. Depois disso fomos tomar um aperitivo no terraço de um bar da charmosa Calle Santa Maria La Blanca. A maioria do pessoal bebia um vino de verano que é um tipo de sangria.


Ao voltar ao hotel, o meu marido não quis mais sair. Então eu fui dar um pulo numa lanchonete especializada em churros. Era situada perto do meu hotel. Eu passava todos os dias por ela e ficava babando. Devo lembrar que a origem do churro é Espanhola. Havia vários tipos, como o comum estriado que encontramos no Brasil, mas tinha também um comprido. Foi o que pedi. Veio acompanhado do típico chocolate quente bem grosso (acho que colocam maisena para engrossar). Uma delicia. Comi sozinha no meu canto, só observando as comadres e os clientes de modo geral. Não vi turistas, só havia pessoas do povo mesmo, pessoas comuns e relativamente simples. Adorei a experiência. 
O que me impressionou foi ver que quase todo mundo que comia no balcão jogava os guardanapos de papel no chão! Foi o único lugar onde vi sujeira. A cidade inteira é bem limpa. Depois disso, eu andei pelo bairro e voltei para o meu hotel para preparar a mala. O nosso jantar foi no quarto mesmo. Pedimos um caldo leve. Era o nosso último dia em Sevilha. A viagem foi realmente marcante e inesquecível.

Torrijas e Pestiños em Sevilha


Sétimo dia em Sevilha. Decidimos andar até uma confeitaria antiga situada perto do nosso hotel para tomar o nosso café da manhã. Todos os dias eu passava diante das suas vitrinas enfeitadas com bonequinhos encapuzados representando os participantes das confrarias religiosas que desfilam pela cidade na Semana Santa. A cidade inteira estava se preparando para esses festejos.



A confeitaria chama-se LA CAMPANA e data de 1885. Desde março o pessoal vende bolinhos e doces típicos desta época. A maioria deles é confeccionada pelas freiras nos conventos da cidade.
Pedimos duas especialidades servidas durante a Semana Santa para rachar entre nos. O da esquerda chama-se Pestiño. É delicioso. Tem uma massa crocante do tipo folhada. Da para notar a influência árabe. É extremamente doce, assim como muitos pastéis que eu já comi em salões de chá árabes em Paris. O da direita chama-se Torrija. É um tipo de rabanada só que pode levar vinho e licor. Pedi uma sem. Vem coberta por um caldo grosso de mel. Delicia!
 
Após andar para cima e para baixo para fazer umas comprinhas, demos de novo um pulinho no hotel. Ao entrar, havia um evento com esses bailarinos de flamenco meio fajutos.
 
Como tínhamos coisas para fazer de tarde, o meu marido resolveu descansar um pouco. Fui então andar sozinha pelas ruelas do centro. Vejam aqueles tonéis das bodegas. O pessoal bebe manzanilla e come tapas em pé a qualquer hora do dia.
Andei um bocado na rua pedestre chamada Calle Sierpes, uma das mais movimentada da cidade. Pelo meu guia, eu soube que Cervantes foi encarcerado no numero 52. Ao fazer compras, fui surpreendida pelo horário da siesta. As vendedoras se apressaram para registrar as mercadorias e fechar as cortinas e portas. Eu pude me deliciar com o som de carrilhão de todos esses relógios tocando ao mesmo tempo nessa bela loja antiga.
Voltei até o meu hotel para buscar o marido e continuar os passeios. Como era o final da viagem e que tínhamos andado um bocado durante uma semana, resolvemos pegar um taxi e pedimos um preço especial para usar os seus serviços durante algumas horas. Pedi para ele passar na Basílica Macarena e continuar ao longo das muralhas da cidade.

Fomos depois rumo ao parque Maria Luisa onde fui perturbada por uma desgraciosa e suada cigana que não queria desgrudar de mim. Carregava uns galhos de alecrim numa das mãos. Eu pedi para ela pousar para uma foto. Depois disso ela me cobrou cinco euros. Eu falei que não os tinha, então ela respondeu que se eu não pagasse, me jogaria uma praga. Comentei que só podia lhe dar um euro, que o marido já estava longe e que somente ELE tinha o dinheiro. Eu diz que era um ou nada. Era pegar ou largar. Ela pegou e parou de me infernizar.

De lá fomos visitar a belíssima Plaza da España construída especialmente para a exposição ibero-americana de 1929. A minha foto não rende, só tirei deste ângulo para não ter que fotografar grupos enormes de turistas.Depois disso, fomos passando diante de varios pavilhões construídos para esta mesma exposição. Cada um mais belo do que o outro.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Museu de Belas Artes - Sevilha

Continuação do sexto dia em Sevilha. Após passar a manhã no El Real Alcazar, almoçar no La Giralda e visitar o Hospital de los Venerables, fomos terminar a tarde no Museo de Bellas Artes de Sevilla. O edifício é um antigo convento que data de 1612. Havia uma incrível exposição de quadros representando cenas
Sevilhanas vistas por estrangeiros. Vibramos muito, porque as obras eram encatadoras. Só não foi possível tirar fotos dessa mostra especial. Em outras salas, havia esses retratos representando figuras da sociedade Sevilhana. Fotografei algumas fascinantes mulheres como, por exemplo, essa chamada Señora Carriquirre (fiz um close no rosto, a tela é bem maior). Foi pintada pelo Antonio María Esquivel em 1850.



Amei essa bela dançarina. Chama-se Antonia La Gallega. Data de 1912 e foi pintada pelo Ignacio Zuloaga.



Achei este detalhe encantador: três pintinhas. Duas no peito e uma no rosto.

Este quadro chama-se *Emboscada Mora*. Parece uma fotografia...é de 1880 e foi pintado por Fernando Tirado.

O museu é aberto até as 20:30. Saímos de lá em torno das 20:00 e fazia ainda dia. Aconteceu então algo incrível: uma quantidade impressionante de pássaros começou a piar alucinadamente. Pareciam enlouquecidos pela luminosidade do final de dia.

Após sair do museu, fomos andando pelas ruelas até o nosso hotel. Cansados pelo dia muito agitado, optamos por comer tapas no bar do nosso hotel.

Como me duele!

Postei mais algo sobre Sevilha. Coloquei fotos do Hospital de Los Venerables (ver post anterior). Enquanto carregava as fotos (demora) fiquei ouvindo, várias vezes,  Niña Pastori cantando, entre outras: COMO ME DUELE. Adoro. Não parei de cantar diante do computador. Vamos cantar juntos?

Si tu me faltaras me perderia yo pos tu eras la rosa que hay en mi corazon el perfume fragante que habita en mi interior si tu me fartaras me perderia yo...

Hospital de Los Venerables - Sevilha

Depois de almoçar no LA GIRALDA, fomos andando até o bairro de Santa Cruz para visitar o Hospital de Los Venerables. Este espaço, fundado em 1675, era o lugar onde os padres idosos ou doentes terminavam os seus dias.



Vejam o teto da igreja. É de ficar com o pescoço doendo, só da vontade de ficar olhando para cima. As pinturas em *trompe-l´oeil* (engana o olho) são obra de Juan de Valdés Leal e do seu filho Lucas.
É considerado o barroco Sevilhano em todo o seu esplendor!

Ele tem um pátio extremamente bonito considerado o mais belo de Sevilha. Sentei num banquinho e fiquei curtindo o momento, a paz do lugar, o canto dos pássaros.

Ele abriga também uma pequena porem preciosa coleção de quadros. Podemos ver uma Imaculada Concepção de Diego Velásquez e uma surpreendente vista de Sevilha datando de 1660. Não era permitido fotografar os quadros.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

almoço no LA GERALDA - Sevilha

Após passar a manhã do sexto dia visitando EL REAL ALCAZAR, decidimos almoçar na cervecería chamada LA GIRALDA. Após olhar o cardápio e os pratos das mesas vizinhas, eu pedi um tipo de almôndega de carne servida com um belo molho de tomate fresco e umas batatas salteadas.  Delicia! O marido preferiu uma salada com abacate.

O lugar é situado numa ruazinha com laranjeiras na calçada. O meu guia dizia que era um antigo banho Mouresco. Vejam a renda acima da porta que leva a um pequeno salão. 













 
 E a porta do banheiro? Não é fantástica?















 

Os azulejos, sempre eles. Se eu morasse em Sevilha, este seria o meu bar preferido. Tem um tremendo charme!

Numa mesinha dessas, me da vontade de chamar alguém com uma conversa interessante e ficar lá uma tarde inteira, tomando cafezinho após cafezinho. Pena que não da mais para fumar. Senão eu fumaria na certa. Não fumo sempre, só de vez em quando. Amo um cigarrinho com um cafezinho e um bom papo. 










E os arcos? Não é um lugar único? Amei de paixão, recomendo!










 


E o bar em madeira talhada? Este lugar tem detalhes incríveis por todos os lados. Anotam nos seus bloquinhos. Não se pode deixar Sevilha sem dar um pulinho no bar LA GERALDA.