quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sexto dia em Berlim

Depois de acordar tarde, passamos a manhã daquele dia sem programação especial, curtindo a estadia com serenidade. Depois nos dirigimos até o castelo CHARLOTTENBURG. Era meio dia quando chegamos lá. Resolvemos almoçar ao ar livre numa cafeteria colada ao lado do parque. Pedi uma salada já que o calor era de matar. Sentadas ao meu lado, vi duas chinesas comendo umas enormes salsichas cobertas por mostarda. Bebiam numa caneca que devia contar meio litro de cerveja! Depois se empanturraram com uma fatia de bolo servido com uma camada imensa de chantilly! Não sei como tanta comida entrou naqueles corpinhos magricelos. O garçom que nos atendeu era tão distinto, mas tão distinto, um verdadeiro LORD: se movia com extreme elegância, tinha gestos polidos muito refinados. Ele falava francês muito bem.

Praticamente em todas as minhas viagens, sou abençoada com cenas como esta! Sempre encontro uma noiva pousando para um fotografo. Nesses três últimos anos, tirei fotos de noivos em Istambul, em Saint Émilion, em Viena, em Veneza e agora em Berlim. Foi no jardim do castelo. Fiz um zoom. Tive que prender a respiração e me concentrar para alinhar bem o gramado e não cortar o rabo da saia da dama de honra. Ia esquecer: contei com a impaciência do marido atrás de mim: vamos embora!

 
Alugamos um áudio guia e foi a melhor coisa que fizemos. A visita dura uma hora ao todo. Tudo esta super bem explicado, sem exagero de informações. Descobrimos que o castelo foi construído no século XVII no estilo barroco. Chamava-se palácio Lietzenburg, e era a moradia de verão do rei Frederico I da Prússia e da sua esposa, a rainha Sophie Charlotte. Depois do falecimento precoce da rainha (aos 36 anos), o rei batizou o palácio e um povoado adjacente com o nome de Charlotte. Fiquei extremamente impressionada com o
Porzellankabinett ou, gabinete das porcelanas. Todas em tons brancos e azuis, provêem da China e do Japão.








Sem acreditar no que estava vendo, rodopiei um pouco para poder apreciar todas as paredes cobertas até o teto. Queria me impregnar com a visão desta deslumbrante coleção. Não consegui saber quantas peças havia ali. Li por aí que deve ter umas 2900 e que boa parte não é original. Houve grande destruição durante a guerra.  Era uma profusão impressionante. Vejam este detalhe que fotografei. Eu adoro um exagero, coleciono vários objetos: caixinhas, máscaras, estatuetas etc. Enfim, esta sala é tudo que eu queria na vida. Não sei quantas pessoas cuidam da limpeza e como fazem para não quebrar tão valiosas peças. É algo fabuloso mesmo!


Uma doce luminosidade banhava todos os aposentos. Não havia muitos visitantes, não vi grandes grupos de turistas como aqueles que encontramos no palácio Sanssouci. A visita foi extremamente suave e agradável. Nada estafante.


Vi belas peças de uns serviços de jantares expostas em algumas salinhas. Admirei este encantador detalhes tentando imaginar uma mesa bem posta iluminada por candelabros e pessoas empoadas e emperucadas jantando iguarias sofisticadas.




Fiquei impressionada com o detalhe de uma sopeira. Esta flor não é muito grande, mas vejam a perfeição das pétalas. Uma coisa!

 





Não havia tempo de passear pelo parque, tínhamos uma programação cultural que nos esperava. Tirei esta foto a partir das janelas do palácio. Inicialmente eram jardins barrocos à francesa, que foram convertidos, em 1788 em jardins paisagísticos à inglesa. Depois das pesadas devastações sofridas durante a Segunda Guerra Mundial, a “Administração dos Palácios e Jardins Estaduais de Berlim Ocidental" escolheu um restauro que aproximasse os jardins à aparência dos *parterres* barrocos. A recuperação dos jardins foi empreendida em 2001.



Depois fomos visitar a nova ala (Neuer Flügel) em estilo rococó. Foi acrescentada por Frederico II, mas tarde chamado de “o grande”. Desistimos de alugar um áudio guia pelo fato que não havia tempo suficiente. A duração da visita ia demorar mais uma hora e meia, alem do que já tínhamos visto. Aqui o marido pousando na estupenda Goldene Galerie (Galeria Dourada), com espelhos ao longo das paredes como no Salão dos Espelhos de Versalhes. Vejam os detalhes do magnífico parquê.



Aqui o detalhe de uma porta. Havia muito dourado. Tudo era bastante exagerado, mas mesmo assim achei o conjunto harmonioso e muito leve. Praticamente não havia mobília para a gente ter uma idéia do que devia ser o esplendor desta ala nos tempos em que era habitada.


 



De noite, fomos assistir TOSCA no Staatsoper. Eu havia imprimido a sinopse antes de viajar, então limos no quarto antes de sair, para não ficar boiando durante a apresentação. Como a Opera é cantada em italiano, não foi difícil seguir a trama. Durante o intervalo, vimos pessoas bem elegantes e também uns mais jovens com roupas informais. No intervalo avistei uns grupos de meninos. Deviam ter uns treze anos, vestiam jeans surrados e usavam cabelos estilo Justin Bieber. A cantora ucraniana Oksana Dyka, nascida em 1978 e que interpretou Floria Tosca, era encantadora e tinha uma voz absurdamente bela. Acabei com lágrimas nos olhos! Fiquei somente decepcionada pelo cantor interpretando Mario Cavaradossi, o grande amor de Floria. Chama-se Neil Shicoff e nasceu em 1949. Tinha voz potente, mas era muito pequeno, muito xoxinho e fazia muitas caretas, tal qual o cantor de Opera do filme PARA ROMA COM AMOR, do diretor Woody Allen. A cantora, uma mulherona, era mais alta do que ele. Ele nem era belo, em contrapartida ela era esplendida, portanto ficava difícil engolir que tal Tosca pudesse se apaixonar por um Mario tão sem graça. Outra coisa, esses dois cantores tinham uma diferença de idade muito grande: 30 anos! Não achei que havia química entre os dois. Isso me incomodou e estragou um pouco a minha curtição.

Um comentário:

  1. Realmente, quando não há química, não tem jeito de ficar bom!! Que pena. Mas só estar nesta magnífica ópera deve ter sido uma experiência inesquecível!

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