domingo, 13 de outubro de 2013

Primeiro dia em Berlim


Berlim nunca foi uma cidade que eu quis visitar. Sou filha e neta de pessoas que sofreram as duas guerras mundiais. Escutei tantos relatos dos horrores que eles viveram que fiquei bem traumatizada. Depois de anos relutando, aceitei conhecer está cidade, já que o meu esposo é apaixonado pelo idioma que ele estudou durante alguns anos no Instituto Goethe. Ele já conhecia Berlim, bem antes da queda do muro, do tempo em que não éramos casados. Chegamos um pouco cansados as 16:00 no hotel, mas eu quis logo aproveitar o resto da tarde. Decidimos visitar imediatamente o moderno Jüdisches Museum desenhado pelo arquiteto americano Daniel Libeskind. O Museu Judaico de Berlim consiste de dois prédios: uma construção antiga em estilo barroco, onde se encontram a entrada principal, o caixa, espaços para exposições temporárias, a lojinha do museu e um restaurante, e uma construção de arquitetura moderna, onde se encontra a exposição permanente. Uma passagem subterrânea leva o visitante da entrada até o prédio novo, já que este não tem nenhuma entrada oficial.


O prédio novo é uma impressionante obra de arte moderna cheia de simbolismo. O prédio em forma de zigue-zague, lembra a estrela de Davi despedaçada. A  sua fachada é revestida de zinco e tem janelas que mais parecem uns cortes ou rasgos. Dentro do prédio, existem cinco corredores lineares que se estendem do subsolo até o andar mais alto. São chamados de *Void* (vazio). São espaços vazios com paredes nuas de cimento. Os *Void* devem lembrar o vazio deixado pelo massacre do povo judeu na Europa. Num desses *Void*, podemos encontrar o trabalho do artista israelense Menashe Kadishman chamado *Shalekhet* (folhas caídas). São Dez mil rostos feitos de ferro, todos diferentes sobre os quais podemos pisar (sem muita estabilidade). O teto deste *Void* é bem alto e só tem uma fenda estreita que deixa passar a luz, sem mostrar o céu.

Dentro do prédio, existe 3 eixos (o do Exílio, o do Holocausto e o da Continuação). O eixo do exílio tem um corredor que leva até uma parte externa onde se encontra o “Jardim do Exílio”. O caminho que leva até lá tem paredes levemente inclinadas, o piso é irregular e se torna íngreme, assim como o caminho vai se tornando cada ver mais estreito até chegar numa porta pesada que leva ao jardim. O Jardim do Exílio é composto por 49 blocos de concreto, com plantas no topo, alinhados em um canteiro quadrado. Toda a  área é inclinada para causar a sensação de instabilidade, simbolizando o sentimento dos judeus aos serem expulsos da Alemanha. As plantas que crescem no topo dos blocos simbolizam esperança. O eixo do holocausto leva até uma sala vazia e escura. O eixo da continuação leva até o andar superior onde podemos ver a exposição permanente que nos mostra a vida dos judeus na Alemanha, da Idade Média aos dias de hoje. Podemos ver objetos do cotidiano como móveis, louças, os objetos usados para praticar a circuncisão e peças do vestuário.


Saí do Museu Judaico deprimida. A atmosfera do lugar é sombria e pesada. Para mudar o astral, convidei o marido para jantar na tradicional brasserie Dressler situada na avenida Unter Den Linden. O serviço é muito bom, e podemos encontrar pratos franceses e alemães. Como toda brasserie que se preza, oferece ostras bem fresquinhas. Foi o que pedi.


A decoração é bem *anos 30* e o lugar tem uma luminosidade aconchegante. Fomos muito bem atendidos. Num clima tão doce, fui esquecendo os horrores do holocausto.


Chegando ao hotel, não pude deixar de me encantar com o enorme aquário que fica bem no centro do hall. Apesar de que detesto pegar elevador, pedi um quarto no ultimo andar para poder desfrutar a visão dos peixes nadando com mais tempo. Desta vez, não me incomodei em ter que parar em cada andar. Fiquei parada admirando os peixinhos se mexendo nas águas turquesa.

Um comentário:

  1. Estamos nos preparando para uma viagem a Berlim. Obrigada por tantas informações interessantes.

    ResponderExcluir