domingo, 18 de março de 2012

O guia de Sevilha


Logo após registrar a minha bagagem e sabendo que eu tinha uns quarenta e cinco minutos pela frente antes de embarcar, eu sentei num barzinho onde eu pedi um expresso e um *pain au chocolat*. Foi então que eu tirei o meu guia da bolsa. Eu só o tinha consultado para estudar o mapa e pesquisar um hotel situado o mais próximo possível dos passeios nos lugares históricos recomendados. Fora isso eu não sabia de nada a respeito de Sevilha.

Hora de embarcar. O meu assento ficava do lado corredor bem no fundo do avião. Não era um bom lugar mas não liguei muito e não lembro mais quanto tempo durou o vôo ou qual foi o lanche que foi servido. Eu já estava profundamente mergulhada na leitura do meu guia. Eu me deliciei com as primeiras paginas que falavam das peculiaridades de Sevilha: os seus botecos servindo tapas, as suas tradições religiosas, os seus toureiros, seus pátios, seus azulejos, a sua arte Mudéjar, a sua Feria de abril, o seu flamenco.

Ao chegar em Madrid eu me vi banhada por uma luminosidade festiva vindo do teto de vidro central do aeroporto e o meu espírito se animou imediatamente. Eu tinha umas três horas pela frente antes de pegar um vôo para Sevilha. O meu marido, vindo de um vôo de Lisboa pela TAP, ia chegar quase na hora de embarcar. Eu procurei um lugar confortável, para matar o tempo. Avistei um barzinho legal onde eu me deliciei com uma bela *tortilla*. A tortilla Espanhola é uma omelete que leva batatas e cebolas. Larguei um pouco o guia para não abusar demais a minha mente com informações sobre Sevilha.

Eu me dirigi para a sala de embarque e sentei bem ao lado do portão onde já havia uma fila de passageiros. Quando faltavam poucas pessoas, eu ouvi a inconfundível voz chamando o meu nome. Levantei os olhos e vi o meu marido vindo em minha direção. Ai sim! A viagem estava realmente começando! Sem ele eu viajo pela metade.

Subimos no avião e fomos cercados por passageiros Espanhóis que não paravam de falar em voz alta, quase gritando, com aquele jeito peculiar de dialogar. Eles trocavam papos com um tom de voz seco e ríspido apesar de que os diálogos pareciam alegres e animados. Mesmo estando confinada naquele assento desconfortável, eu já me senti imediatamente envolvida no universo dos soberbos toureadores e das belas Andaluzas. Retomei a leitura do meu guia para programar a primeira noite na misteriosa e sensual Sevilha!


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