Na manha do
quinto dia, retomamos os nossos passeios. Andamos um bocado até bater do outro
lado do rio Guadalquivir. Após chegar à movimentada Plaza de Cuba, percorremos
a Calle Betis e fomos passeando calmamente no aprazível bairro chamado Triana.
Ao meio
dia, fomos atrás de um lugar para almoçar. Eu já o tinha escolhi na véspera. Trata
se do Kiosco de las flores. O lugar, feito de tijolos pintados com tinta
branca, é bem rústico. Fazendo sol, preferi sentar do lado de fora. As
especialidades da casa: frutos do mar e peixes fritos. Pedimos ova de
peixe, lula e uns pimentões vermelhos refogados no azeite. O quiosque anda bem protegido, aqui também tem uma santa protetora de azulejos!
Procurando
pelo toalete para lavar as mãos, acabei conversando um pouquinho com a dona do
estabelecimento. É uma típica espanhola de meia idade. É corpulenta e ostenta
um crucifixo no peito. Já falei que o espanhol é muito família. A prova esta
bem aqui nas paredes deste bar. Há fotos de parentes em preto e branco por toda
parte. Numas, podemos ver aquela senhora quando era mais jovem e mais formosa. Avisto
umas mais recentes e coloridas representando uns meninos. Pergunto quem são, então
a orgulhosa abuela responde que são os seus netos! Pensando bem, eu também sou
meio espanhola. Sou volumosa, devota de Nossa Senhora e ando com a foto da neta
na carteira!
Voltando
até a mesa, noto que o jardim é protegido por outro santo. Deu-me vontade de
comprar alguma imagem religiosa de grande tamanho para ornamentar a minha casa.
O meu marido vetou. Só trouxe uma cruz e uma mini pia de água benta, ambas de cerâmica
colorida. Elas estão pregadas na parede “santificada” que fica perto da entrada
do meu quarto. É onde acumulo todas as santas que encontro nas minhas andanças.
Aqui um lugar para
tomar um solzinho e admirar a paisagem enquanto os pratos não chegam. Em
frente da gente, do outro lado do rio, esta a famosa Torre Del Oro (primeira foto deste post). A origem do
nome da torre se deve ao fato que antigamente era coberta por azulejos dourados. Hoje é
o museu naval, mas antes era depósito das riquezas trazidas do Novo Mundo, ou
melhor, dizer, das “Índias”. A serenidade do lugar só foi perturbada quando vários
caças sobrevoaram o céu. Pela posição do rio e da torre, calculamos que eles estavam
indo para o sudoeste e deduzimos que podia ser em direção da Líbia. Enfim, os
conflitos continuam. O mundo cristão em guerra com o mundo islâmico. Sempre
existiu e sempre haverá. Infelizmente...
Depois do
almoço, eu queria visitar a igreja Santa Ana, mas infelizmente ela estava
fechada. Voltei mais tarde, mas comentarei depois. Sobre o fechamento de modo
geral, tem que tomar muito cuidado porque muitos lugares fecham na hora da
siesta (entre as 14:00 e 17:00).
De toda
maneira, mesmo estando fechada, dei umas voltas em torno da igreja para tirar
fotos das suas belas santas. Não havia viva alma nas ruas nesta hora do dia. E
olhem que era primavera, fazia um friozinho de leve, algo bem gostoso, mesmo o sol
estando brilhando. Imaginei como deviam se comportar os habitantes durante o verão. Falando nisso, vi algo curioso em algumas janelas, não em todas.
Havia um tipo de esteira de palha enrolada acima das janelas e que deve ser usada para fazer sombra. Formava um enorme
rolo grosseiro, algo quase desgracioso, algo bem rústico e em contraste com a fachada
coberta por refinados azulejos. Não vi isso em todas as janelas, só em
algumas. Talvez seja algum costume do passado que praticamente não existe mais. Achei
interessante.
Pela placa
avisando os horários, a igreja deveria estar aberta, mas só encontrei portas
trancadas. Entrei num barzinho situado em frente à igreja e com o meu portunhol
arretado, pedi informações. O exagero de imagens invade até os botecos. Vejam
que o Cristo e as santas são onipresentes. Como é que alguém pode ousar tomar um
porre sendo observado por Nossa Senhora! ?
E tem mais.
Tirei foto da outra religião dos Sevilhanos. Esses são os seus deuses bárbaros.
São idolatrados em toda parte. O garçom me explicou que muitos deles nasceram
no bairro e freqüentam de vez em quando o lugar.
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