Achei Sevilha bastante provinciana. Isso não é uma crítica, pelo contrário! Adorei poder
percorrer uma cidade pacata, serena onde não vi uma juventude transviada, onde não
encontrei tribos urbanas estranhas. Da para passear a noite sem problemas. Achei
o pessoal gentil e educado. Não encontrei dificuldade na hora de me comunicar. Eu
falava em português e todo mundo me entendia assim como entendi todo mundo. Havia
alguns detalhes charmosos como na hora em que o pessoal cobra em dinheiro. Eles falam: doze Euros CON vinte centavos, por
exemplo. O tipo físico é parecido como o do pessoal do Portugal e do sul da
França. Não são muito altos, principalmente as pessoas mais idosas e a maioria
é morena. Não via loiras, nem autenticas nem oxigenadas. As mulheres usam o
cabelo na cor natural que é geralmente castanho escuro. Não são adeptas de
muitos artifícios capilares.
Os espanhóis
são bonitos de modo geral. Tem traços marcantes e belos olhos. Aqui uma jovem se
destacando um pouco da média. Era mais alta do que os demais. Talvez uma
turista. Vi rapazes com cabelos longos e costeletas compridas, não vi cabeças
raspadas ou cortes curtos como no Brasil. Não vi também pessoas exageradamente malhadas
ou mulheres com peitos de silicone. As belezas são naturais e nada artificiais.
O pessoal fuma muito. As mulheres saiam em grupos, vão se encontrar nos
terraços dos bares e levam os seus nenéns nos carrinhos. Bebam uns aperitivos,
conversam e fumam enquanto os filhos dormem ao lado.
As mulheres
maduras usam os leques para abanar-se quando faz mais calor. Parecia que
eu tinha voltado à Espanha que eu conheci quando eu era pequena. A Espanha de
Franco. As pessoas mais idosas se vestem do mesmo jeito conservador. As
senhoras usam broches na lapela dos seus tailleurs,
muito laquê no cabelo e pó de arroz no nariz. Já os senhores vestem malhas de
lã debaixo de blazer azul marinho e echarpes de seda enfiadas nas golas em V. Vejam
aquele senhor andando.
Vi este
sapato na vitrina! Não agüentei, entrei para pedir informação. É feito sob
medida e dura três meses para a gente receber um par personalizado. Diz o
vendedor que é o preferido dos corredores de formula 1. Ele deve estar falando
dos corredores de formula 1 da Espanha. Ou melhor, dos corredores de formula 1
da Andaluzia! Não falei que o pessoal é formal?
Encontrei
este vendedor de rua todas as vezes que eu passei diante da (bela) estação de
trem. Cada vez estava fantasiado com uma roupa diferente. Era bem amalucado no seu modo de falar. Foi a única figura diferenciada que encontrei. Vi também
uma estranha cigana que mendigava numa rua do centro. Tinha um joelho que dobrava para trás
como numa perna de pássaro.
As crianças
são também arrumadas de um jeito formal. Dentro de um restaurante, vi uma menina vestindo as mesmas
roupas que eu usava quando eu tinha uns dez anos! Mesma coisa na saída de um colégio, parecia que eu voltava ao passado! Nada de usar uniforme unissex! As meninas usam kilt escocês, meias
azul marinho e blusas brancas. Vi também duas pequenas saindo de uma aula de
flamenco. Deviam ter uns sete anos. Tinham saias compridas, e sapatos apropriados.
Cabelo preso em coque e xale amarrado na cintura. Mexiam as suas
castanholas enquanto andavam apressadas.
Já as adolescentes andaluzas fazem exatamente o que eu e as minhas colegas fazíamos ao sair da escola das freiras: dobrávamos varias vezes a cintura da saia para encurtá-la. Assim fez esta menina andando ao braço da sua avó
O que mais posso dizer sobre Sevilha? Vi poucas joalharias. Não vi nenhuma com um design arrojado e moderno. Todas têm um estilo antiquado. Vendem, por exemplo, crucifixos ou imagens rebuscadas da virgem Maria. Não vi livrarias, não vi shopping Center, não vi lojas de aparelhos eletrônicos. Acredito que devem existir na periferia da cidade. O centro permanece intocado. Parece que o mundo moderno ainda não invadiu as suas ruelas. Graças a Deus! Como eu já falei, encontramos lojas de azulejos, lojas de artigos religiosos, lojas que vendem doces e outras oferecendo bacalhau. Têm bares de tapas, bodegas, lojas vendendo roupas folclóricas. E só! Essa é a Sevilha que eu conheci e que amei de paixão. Recomendo absolutamente!
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