quinta-feira, 29 de março de 2012

Almoçando um Tafelspitz em Viena

Estou terminando o assunto Viena. Vou convidar vocês para almoçar (ou jantar) comigo num restaurante que oferece uma comida tradicional da Áustria. Trata se do Tafelspitz. Fomos acompanhados por uns amigos Vienenses que, vendo o meu entusiasmo em relação à cultura deles, resolveram nos levar no Plachutta.
O Tafelspitz é um tipo de cozido que utiliza as partes traseiras do boi. É como se fosse um pot-au-feu francês. As carnes são servidas com o osso de tutano e um caldo de legumes. O pessoal colocou varias panelas de cobre por cima da mesa, cada uma contendo um pedaço especifico já que eles cortam a traseira do boi em vários pedaços.
Aqui uma foto do cardápio. Adorei a refeição, mas cá entre nos, não era para comer naquele dia. Apesar de sentar num terraço aberto, o calor era infernal. Uma salada, um suco e um sorvete teriam sido a melhor escolha. Não somente a temperatura não era a mais indicada para facilitar a digestão, mas tínhamos também que correr para o aeroporto e pegar um vôo para Lisboa.

Uma plaquetinha de metal, encaixada no cabo das panelas, avisava qual era o pedaço.

Adorei os acompanhamentos que vêm a parte, que não foram cozidos junto com a carne: umas vagens brancas, bem finas, servidas com um creme a base de nata e endro. Havia também um delicioso creme de espinafre.
O prato é servido com uma compota de maçã e uns molhos bem gostosos. Tem um que adorei que se chama Semmelkren e que é preparado a base de pão e de raiz forte. Bom, finalizei tudo que eu tinha para mostrar sobre Viena!

Palácio de Schönbrunn - Viena

As fotos a seguir foram tiradas no ultimo dia em que visitamos Viena. Primeiro fomos visitar o palácio Schönbrunn, conhecido como o Versailles da Áustria. Não era permitido tirar fotos do interior. Só fotografei este rapaz enquanto restaura um afresco. 


O palácio fica fora da cidade, tivemos que pegar um trem. Foi super fácil chegar. Pegamos o metrô que fica em frente ao nosso hotel. O sistema funciona como o RER de Paris. Depois de percorrer a cidade debaixo do chão, os vagões continuam o percurso ao sair da terra como se fosse um trem comum. Apos chegar à estação onde devíamos descer, encontramos facilmente o caminho até o palácio (uns dez minutos andando).
Os aposentos são realmente impressionantes. Os que mais gostei são: gabinete chinês, a sala dos milhões e o quarto das porcelanas. Do jardim só retratei essas lindas plantas aquáticas. Não percorremos o parque porque não somente fazia muito calor, mas porque é gigante e o tempo era contado. Devíamos regressar para ir almoçar com uns amigos que nos convidaram. O que dizer de Schönbrunn? Bom, é todo magnificamente mobiliado ja que nao houve uns revolucionários para queimar a mobilia como foi feito em Versailles. É um belo lugar que talvez eu teria apreciado melhor se a temperatura fosse mais amena e se eu tivesse mais tempo pela frente.

Café Griensteidi - Viena

Esse é café Griensteidi. Fica bem ao lado do palácio Hofburg e foi onde fomos quando o meu esposo começou a ficar indisposto devido o calor em Viena no mês de Agosto. 


Vejam que charme! Ele é o primeiro café literário da cidade.



Sentamos num desses nichos super aconchegantes. A senhora que nos atendeu era uma fräulein parruda. Daquelas que carregam uma bandeja repleta de comidas e bebidas em cada braço.

Todas as cadeiras e os cabides do café são de madeira curvada do tipo Thonet que fez sucesso na década de 1860.

à mesa no palácio de Hofburg

Aqui parte das louças, cristais e pratarias expostos no palácio de Hofburg. Podíamos tirar fotos sem problemas. A profusão é tão grande que deixa a gente tonta. O calor era infernal e tive que sair já que o meu marido não estava se sentindo bem devido à alta temperatura.
 
Primeiro eu quero mostrar um dos cardápios. São todos escritos em francês, língua falada em todas as cortes naquela época.
Vejam este espetacular centro de mesa em Vermeil (prata banhada com ouro). Era tão grande que não deu para tirar a foto dele inteiramente.


Havia tantas louças e cristais extremamente delicados cheios de detalhes mimosos. Comecei a tirar fotos, mas depois desisti, não tinha como escolher, cada peça mais linda do que a outra.

 
Aqui umas placas de prata para identificar as bebidas servidas nas garrafas.
Este é um segredo de estado guardado a sete chaves. É um guardanapo dobrado especialmente para guardar os pãezinhos. Hoje em dia, somente duas pessoas sabem dobrar deste jeito. Bom, esta informação me foi repassada pelo meu amigo Daniel.

Apartamentos Imperiais palácio HOFBURG - Viena

Vou falar agora do palácio Hofburg onde visitei os aposentos particulares da Sissi Imperatriz. Era proibido tirar fotografia das salas, das roupas e dos moveis. Podemos passar pelo quarto da Elizabeth e observar as suas barras de madeira e outros objetos que ela usava para se exercitar fisicamente. Ela era uma excelente amazona e gostava de manter o seu corpo enxuto. Dizem que ela devia sofrer de anorexia. Seguia dietas malucas, mandava os seus empregados espremer carne para beber o sangue cru!  A Imperatriz representada pela doce Romy Schneider, não tem nada a ver com a complicada e egocêntrica Sissi real.



Sissi continua fascinando todo mundo. Fotografei discretamente um dos seus admiradores (foto tirada na parte que apresenta as louça, ali é permitido). Antes de chegar até os aposentos, passamos por uma exposição que mostra uma réplica do vagão de trem imperial. Elizabeth não parava de viajar. A blusa que ela vestiu no dia em que foi assassinada encontra-se numa vitrina e o estilete usado para matá-la também. Podemos ver um rasgo à altura do seio. Vemos também a sua mascara mortuária. Isso é meio sinistro. Alias, eu fui ver o túmulo dela que se encontra na Cripta Real dos Habsburgo na Igreja dos Capuchinos. Eu não quis postar nada daquele lugar porque é altamente mórbido. Saí de lá impressionada com as jazidos cobertos de caveiras e ossos de bronze. 

Em alguns salões de Hofburg, podemos ver também umas estatuas de cera representando a esguia Sissi vestindo as roupas que ela utilizou nos bailes. Ao me aproximar li que as roupas eram réplicas e as jóias eram falsas. Ninguém sabe onde foram bater as autênticas. A imperatriz chegou a dar as suas estrelas de diamantes para as suas damas de companhia. Vemos umas copias enfeitando o penteado de um dos manequins. Os poucos acessórios que pertenceram de fato a Imperatriz são uns pares de luvas, uma sombrinha de renda, um chapéu com véu. Tudo esta desbotado e puído pelo tempo. É um fato, todos nos acabamos em poeira, mesmo as belas imperatrizes. De repente comecei a cantarolar uma antiga canção da Françoise Hardy: 

Nós somos tão pouca coisa//E minha amiga, a rosa me disse esta manhã// Na aurora eu nasci, batizada com orvalho// Eu desabrochei, feliz e amorosa, ao raio do sol//à noite eu me fechei e acordei velha

Continuando o passeio em Viena

Outro lugar onde eu fui passear quando estive em Viena, foi no Hofmobiliendepot. Como a corte imperial vivia se mudando de um castelo para outro, dependendo das estações do ano, ela precisava de um depósito onde as mesas eram consertadas, as cadeiras empalhadas e os tecidos trocados ou restaurados.













A quantidade de moveis é impressionante e a sua variedade também. Adorei os armários com fundo duplo, o quarto Turco de Rodolfo (filho da Sissi), os descansa-pés, uma volumosa cadeira de rodas e os tronos usados em viagens etc.














A figura da Sissi é onipresente! Podemos apreciar os moveis rústicos e coloridos da sua fazendinha onde pastavam as vacas que lhe forneciam o leite das suas estranhas dietas. Encontramos o berço e a cadeira-alta de refeição que serviram para os seus filhos. Tem vários retratos belíssimos da imperatriz e uns bustos de argila a representando. Podemos ver também a camisola que a bela usava! É estranho observar o prosaico bidê onde Sissi lavava as suas partes mais intimas como qualquer humilde mortal!










Quando foram rodados os filmes sobre a vida da Sissi, com a atriz Romy Schneider no papel principal, a mobília, utilizada nos cenários, foi fornecida pelo depósito de moveis. Podemos ver exatamente quais peças foram usadas como, por exemplo, este trono! Ao lado dele, o trecho do filme, onde o móvel aparece, é projetado num telão. Eu vi vários outros pedaços do filme assim, sempre acompanhados da mobília que fez parte da filmagem!





Dei também um pulo no Theatermuseum para ver de perto um palácio Vienense datando de 1687. O seu interior é belíssimo e foi num dos seus salões que foi apresentado pela primeira vez a Sinfonia Heróica de Beethoven!














Podemos ver expostas algumas roupas utilizadas nos teatros e na Opera de Viena. Tem vestuários clássicos e alguns bem modernos como este que tem um chapéu feito a partir de garrafas de Coca Cola! Havia também uma roupa que pertenceu ao Rudof Noureyev e ao lado podíamos admirar o delicado tutu da Margot Fonteyn, sua melhor parceira de palco! Eu não tirei fotos porque havia pouca luminosidade para preservar as roupas bastante desbotadas.










Este é o salão do Café Landtmann. Classificado monumento histórico, ele fica situado entre a faculdade, o teatro e a prefeitura. Sempre foi o lugar de encontro dos intelectuais, dos atores, jornalistas, estudantes.














A historia do país, cujo império dominou muitos territórios como, por exemplo, a Itália, explica a presença de influências na cozinha nacional. No café Landtmann, eu pedi um dos pratos mais famosos da Áustria: a Wiener schnitzel. Trata se de uma costeleta de vitelo à milanesa que é servida com uma fatia de limão e vem acompanhada de batatas temperadas com salsa e manteiga e geleia. É muito saboroso!

Hundertwasserhaus

Parei um pouco o passeio em Viena. Andei viajando e tive que interromper o relato. Voltei e desejo terminar o que iniciei. Hoje vou mostrar fotos que tirei do famoso prédio chamado HUNDERTWASSERHAUS.







Ele foi idealizado pelo pintor, ativista ecológico e arquiteto Friedensreich Hundertwasser. Grande admirador do Catalão Antoni Gaudí, Friedensreich criou curiosas habitações assimétricas, com janelas de diferentes formatos. Ele faz também uso de cores variadas nas suas fachadas.













Eu fui tomar um chazinho num bar situado na rua de trás. O bar seguia o estilo Hundertwasserhaus. Não havia uma mesa igual à outra. Todas as cadeiras eram diferentes.















Até o tampo de algumas mesas representava algumas telas de Friedensreich!












Como o ecologista Friedensreich Hundertwasser concebia casas com tetos cobertos por plantas, o bar não podia fugir a regra. Havia samambaias penduradas por toda parte.














Todo o piso era ondulado. Foi tão estranho andar por ele. Ao olhar onde eu pisava, parecia que eu estava vendo uma cena de filme, quando o diretor distorce o chão ou as paredes para mostrar que alguém bebeu alem da conta ou tomou drogas alucinógenas! Eu senti um pouco de tonturas!!










a famosa torta SACHER de Viena

Aqui uma paradinha para uma refeição em Viena: o famoso salão de chá do hotel Sacher. Como ele estava bem ao lado do meu hotel, passei varias vezes na frente dele, mas esperei o momento exato para ir almoçar lá. Já que tinha vários outros cafés e salões de chá agendados, eu precisava encaixá-lo num dia especifico. Quando eu fui, sabendo que eu ia ter que provar a mais famosa torta de Viena, eu pedi uma deliciosa salada que veio acompanhada de um sashimi de atum divinamente temperado.










Adorei o tipo de cardápio OLD STYLE apresentado nas mesas. Podemos escolher vários pratos salgados, omeletes, sanduíches e todos os tipos de tortas etc. Eu soube que o chocolate quente é divino, mas fazia calor demais, eu pedi um chá, já que é mais leve.













Sissi Imperatriz é lembrada em todos os lugares que ela freqüentava...como neste salão de chá, por exemplo...(vejam o retrato dela no meio do espelho)














Encomendei uma deliciosa salada e o meu marido pediu um sanduiche. Depois, dividimos um pedacinho da famosa Torta SACHER. É feita com chocolate amargo e geléia de damasco. Uma delicia! A receita data de 1832.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Os edificios do Otto Wagner em Viena


Bom, para ter uma idéia de Viena, eu tentei conhecer (superficialmente, claro) um pouco de tudo que ela oferece. Provei alguns pratos típicos, vi de perto os seus mais importantes pintores, visitei igrejas, provei as suas tortas. Eu quis também conhecer o trabalho de um dos seus grandes arquitetos chamado OTTO WAGNER.












Ele é um dos pioneiros da arquitetura moderna e um dos fundadores do Jugendstil (Art Nouveau) Austríaco. Eu resolvi tirar fotos de suas criações situadas na Wienzeile. Otto Wagner sonhava em projetar todos os prédios ao longo desta avenida, mas somente dois prédios foram construídos. Um é todo coberto por lindíssimos detalhes dourados (primeira foto).






O prédio vizinho é incontestavelmente o mais belo e chama-se MAJOLIKA HAUS. Ele é todo coberto por azulejos floridos. O meu guia dizia que o elevador é suntuoso, mas eu não ousei empurrar a porta já que o edifício é habitado. Eu pedi para o taxi parar na frente. Após descer do carro e enquanto eu tirava fotos, eu ouvi a conversa entre três velhinhas Francesas. Estavam usando a farda típica de turista-da-terceira-idade: chapéu, mochila, calça corsário, meias elásticas para varizes, sandálias ortopédicas e bengala. Uma das três recitava para as outras, com voz trêmula, o que o seu guia dizia: Otto Wagner nasceu em 1841, em Penzing, próximo de Viena. A partir de 1857, foi estudar para a Escola Politécnica de Viena e...

Deixei as três adoráveis velhas e voltei para o meu taxi pensando no seguinte: espero ter curiosidade pelo mundo até os meus 90 anos!

Outra parada obrigatória: Visitar o OTTO WAGNER PAVILLON na Karlplaz. Em 1894, Otto Wagner foi designado para conceber as pontes, os viadutos e as estações do metro de Viena. Pegamos um taxi dirigido por um motorista Armênio. Ele passou com o carro na frente do *pavillon* convertido em bar, mas não podia parar. Eu falei que queria tirar fotos de perto. Ele deu uma volta e estacionou atrás da Karlskirshe, igreja barroca, parecida como um bolo de noiva misturando vários estilos. Desci do carro, mas meu marido resolveu ficar no ar condicionado para papear em alemão sobre a Armênia com o motorista e assim praticar o idioma que ele estudou no instituto Goethe quando era jovem.

Atravessei o parque repleto de flores onde vários pais observavam os seus pimpolhos brincando. Apressei o passo até chegar numa rampa que descia dentro da estação do metro. Depois peguei a escada e lá estava eu diante daquele charmoso *pavillon*. Fiquei emocionada, tentando imaginar as elegantes da Belle Epoque andando apressadas como nos filmes mudos e com a cabeça coberta por imensos chapéus enfeitados por pássaros, flores, penas e folhagens.

E para terminar o post sobre OTTO WAGNER, nada melhor do que visitar a caixa dos correios que foi concluída em 1906. O meu guia dizia que o edifício era uma das obras maiores do arquiteto que pensou nos mínimos detalhes estéticos e funcionais e usou materiais revolucionários para a época. Ao chegar à frente do prédio, pensei ter me enganado. Verifiquei o guia, eu estava no lugar correto só que eu não imaginava que a fachada fosse tão moderna. Ela é coberta por placas cravadas com enormes pregos. Toda a fachada é espetada por essas cabeças de pregos em forma de bolas cinza.


Após subir uma majestosa escada branca de mármore, chegamos numa ampla sala coberta por um domo de vidro e cujo piso é também de vidro. Uma claridade maravilhosa banhava todo o espaço. A caixa dos correios continua funcionando até hoje.














Podemos visitar algumas salas e ficamos impressionados com as linhas puras, a estética apurada do lugar. Tirei fotos dos moveis, tudo foi concebido pelo OTTO WAGNER. O meu marido adorou a citação do famoso arquiteto: O que não é funcional e pratico não pode ser belo!

Hotel Imperial em Viena

Ainda não terminei sobre a viagem à Viena. Ao postar tantos artigos relacionados aquela viagem, eu estou fixando na minha memória, todos os lugares, todos os cantos que andei visitando. Estes posts funcionam como o relato de uma viajante, como o caderno de viagem que as pessoas preenchiam antigamente.









Vou apresentar mais um lugar encantador que eu visitei. O meu guia (hachette) dizia que devíamos pelo menos uma vez durante a nossa estadia, empurrar a porta do famoso HOTEL IMPERIAL para ter uma idéia deste lugar que é considerado como um dos mais belos hotéis do mundo e é classificado como monumento histórico.












Para poder me sentir a vontade e não arriscar ser barrada como uma intrusa, nos fomos jantar no terraço do café Imperial. Aqui o hall de entrada do hotel. Vejam que lugar especial! Não havia muita movimentação. Alias eu achei Viena bem tranqüila, bem pacata. Não vi grandes filas nem nos palácios que eu visitei e nem nos restaurantes. Tudo estava quase vazio. Viena não é definitivamente o lugar mais procurado durante o mês mais quente do ano. Pena que eu não sei ainda bem usar a minha máquina fotográfica. Eu quebrei a minha antiga na véspera de viajar e tive que comprar uma às pressas em Viena. As fotos de interiores à noite ficam amareladas e escuras. Tem um botão para girar, mas não sei ainda qual é a posição melhor para este tipo de foto. Detesto fotos com flash, eu não uso.


O pessoal da recepção me avisou que havia um corredor transformado em museu do hotel. Havia muitas fotos das pessoas ilustres que já se hospedaram nele. A lista dos nomes era extensa. Vi o do Michael Jackson, da Elizabeth Taylor. Eu registrei a foto de alguns que figuram nas paredes do corredor : Sigmund Freud e Thomas Mann por exemplo ...
















Queen Elyzabeth...















Gustav Mahler...

















.... e a famosa atriz Francesa de teatro Sarah Bernhardt