terça-feira, 24 de julho de 2012

Segundo dia em Istambul

No segundo dia, pedimos ao motorista contratado um passeio de carro. Demos umas voltas para ter uma noção da distribuição da cidade. Depois fomos até a margem asiática para visitar o belíssimo palácio de Beylerbeyi datando de 1864. Era a residência de veraneio dos sultões. Servia também para hospedar chefes de estado estrangeiros de visita a Istambul. O seu interior é fantástico, principalmente a sala das  recepções que tem um lago e uma fonte! Não havia água, mas pela profundidade, eu imaginei o que devia ser quando era cheio, quando havia festas, orquestra tocando e pessoas com roupas de gala. Uma coisa! Não era permitido fotografar os interiores, infelizmente.



Depois do passeio na margem oriental, fomos de novo para o lado ocidental da cidade rumo ao Bazar Egípcio. É muito agradável passear pelos seus corredores onde o cheiro dos temperos acaricia as narinas dos visitantes. Vejam a variedade das ervas e especiarias!



Que tal espantar a chuva com essas galochas bordadas e coloridas?

A variedade dos chás e infusões é espantosa! O pessoal lhe oferece o que você quiser para provar. Alias tem que tomar muito cuidado, porque em todos os lugares nos é oferecido esta bebida. Tem que se prevenir e sempre usar o banheiro entre um passeio e outro!

Aqui, foto do doce mais popular e típico, conhecido como *delicia turca*. É o famoso Lokum, espécie de gelatina firme cortada em cubinhos, com sabor de frutas, recheada às vezes com pistaches e coberta com açúcar de confeiteiro.

Os condimentos do Bazar Egípcio abriram o apetite. Tinha chegado a hora de subir para almoçar no famoso restaurante PANDELI que data de 1901 e que já teve a honra de receber os atores e atrizes Robert de Niro, Merle Oberon, Audrey Hepburn, Tony Curtis, Melina Mercouri, entre outros. A rainha Sofia da Espanha e o presidente Mikhail Gorbachev também passaram por lá. É considerado o favorito das estrelas de Hollywood. Aqui o meu marido consultando o cardápio e o nosso tradutor.

O lugar é realmente bonito com seus azulejos na cor turquesa cobrindo as paredes. A nossa sala era vazia, já era tarde, não havia multidões. Só uma sala mais na frente estava repleta de gente. Fomos bem atendidos, o serviço é impecável.

Algumas das janelas dão para a cidade e outras para os movimentados corredores do Bazar.

Estamos servidos. Quer almoçar com a gente? Aqui uma salada bem fresquinha.

Aqui umas costelas de cordeiro grelhadas. Divinas...

Aqui uma carne maravilhosamente temperada. Depois dela, nada de sobremesas. Somente um cafezinho turco bem forte!

Nada mais encantador do que sentar num cantinho assim e ouvir a voz do muezim encarregado de anunciar, em voz alta, o momento das cinco preces diárias...

Na saída do restaurante, eu quis percorrer um pouco o lado externo do Bazar, onde são vendidos os animais domésticos e outros para consumo. Não havia turistas. Só encontrei a população local fazendo as suas compras e qual não foi o meu espanto quando vi este homem vendendo um estranho bichinho. Percebi do que se tratava, mas eu quis me aproximar para ter certeza. Havia um monte de fitinhas pretas nadando. Eram sanguessugas utilizadas para curar doenças! Argh! Ainda bem que vi aquilo somente depois de almoçar. Se fosse antes, teria perdido o apetite! Apesar do nojo, valeu! Posso dizer que fui atrás dos costumes do pessoal!

Depois fomos visitar a mesquita Rüstem Paşa, famosíssima pelos seus azulejos de Iznik. Experimentei uma grande paz interior.

Não havia muitos turistas. Praticamente, todos eles se concentram na mesquita azul ou na Ayasofya, como se Istambul tivesse somente estes dois edifícios.



A mesquita Rüstem Paşa é obra do famoso arquiteto Mimar Sinan e data de 1563.

A seguir, visitamos a Mesquita Eyüp localizada no final do Chifre de Ouro. Foi construída em homenagem ao discípulo do Profeta Maomé: Abu Ayyub al-Ansari, chamado pelos turcos de sultão Eyüp, morto aos pés dos muros de Constantinopla em 670 e enterrado ao lado da Mesquita. Este lugar é considerado um dos mais importantes do mundo para a religião muçulmana e vive cheio de peregrinos. Primeiro subimos a colina para apreciar a vista.


Depois chegamos à cafeteria Pierre Loti. Era a casa onde viveu o famoso escritor francês. Eu queria absolutamente passar por lá, já que sempre achei a figura do Pierre Loti bastante exótica. A sua obra, na maioria das vezes autobiográfica, retrata as viagens de Pierre enquanto era oficial da marinha. Ele visitou Tahiti, a África e o Japão. Ele tinha uma forte atração pela Turquia onde acabou se apaixonando por uma bela odalisca com quem viveu uma grande paixão.

Aqui o meu marido, sentado ao lado do nosso tradutor, esperando o típico café turco. Em torno deles, um monte de fotos do extravagante Pierre Loti.

Havia um vai e vem constante de garçons com as suas bandejas repletas de xícaras de chá ou de café turco bem forte. Bebidas alcoólicas? Nenhuma! Principalmente pelo fato que a cafeteria fica ao lado de uma mesquita, e segundo por causa que o lugar é considerado santo.

Aqui é o cantinho onde é preparado o café. O pó é jogado diretamente na água fervendo. Não é coado e acaba decantando no fundo da xícara. Não devemos beber até o final porque sempre sobra o pó no fundo da xícara. É a partir dessa borra que é lido o futuro de quem bebeu o café.

Fui andando pelas outras salas da cafeteria. Achei muito charmoso este sofá de veludo contornando as paredes, os *guéridons* de madeira patinada e as fotos antigas.


Havia muitas fotos do Pierre Loti penduradas nas paredes. Aqui ele fumando narguilé.

A vista panorâmica do Chifre de Ouro é deslumbrante. Ainda bem que fazia sol naquele dia. No dia seguinte choveu muito. Foi interessante ficar bem no meio do pessoal, do povo turco curtindo o seu fim de semana. Graças a Deus, o lugar ainda não recebe tantas visitas de turistas, então não tem aglomerações. O espaço é sereno.

Aqui o meu marido rindo de mim. É que para descer, tivemos que pegar um teleférico. Tenho pavor de altura e nunca tinha subido numa cabina. Eu estava meio apreensiva, mas a descida foi suave e outra, fiquei tão impressionada com a vista, que esqueci o medo. Sobrevoamos um imenso cemitério muçulmano com lápides peculiares, espalhado sobre toda a colina.

Achei os cemitérios muçulmanos extremamente elegantes. Não são nada mórbidos, não possuem bibelôs fúnebres, anjinhos ou enjoativas coroas de flores. Só tem essas lápides verticais formando um conjunto harmonioso.

Deparei-me com este menino trajando uma charmosa roupa de pequeno sultão. Parecia um anjinho. Eu quis saber do que se tratava então perguntei ao meu tradutor. Ele me explicou que a criança vestia roupas típicas usadas na cerimônia após a circuncisão. Falei para ele pedir autorização dos pais para fotografar. Os pais, todo orgulhosos, toparam! A circuncisão não é somente um ritual judaico, os muçulmanos também a praticam.

Misturei-me na multidão dos peregrinos para me aproximar do tumulo do sultão Eyüp. Não havia NENHUM turista, fora eu! Foi estranhíssimo me ver mergulhada num grupo que rezava para o discípulo de Mahomé, seguindo uma religião que tem um Deus que não é o meu. Vivenciar um momento religioso de um culto diferente ao nosso, é uma experiência muito interessante! Obviamente, cobri os meus cabelos. É bom também não usar batom muito forte. Enfim, quanto mais discreta, melhor! O marido não quis me seguir, portanto fui sozinha!

Era dia de sábado, dia preferido para os casamentos. Vi várias noivas na grande praça com fonte situada atrás da mesquita. Os vestidos recebem uma profusão de enfeites, rendas, pérolas e bordados. As moças têm a cabeça coberta, em respeito à religião. Pedi licença para fotografar este casal. Vejam como a moça é graciosa.

De noite subimos num barco que fez um percurso sobre o Bósforo. Foi um programa de turista babaca. Houve danças típicas relativamente interessante e um jantar coletivo em mesas compridas. As comidas turcas eram simples, frescas e gostosas.

Aqui um casal trajando roupas folclóricas e pelo que entendi, representavam noivos se casando como antigamente. O passeio foi uma chatice só. O barco não parou de ir e voltar num trecho muito curto. Portanto vi umas dez vezes o Dolmabahçe e nada alem disso. Não recomendo!

Para terminar, tivemos direto a uma dançarina do ventre. Foi então que o barco pegou fogo! Precisava ver o entusiasmo dos homens a bordo. Pareciam uns totós excitados diante de um osso fresquinho! A moça convidou alguns homens para dançar. Tinha aqueles que dançavam de um jeito patético e teve também um careca que se exibiu todo. Imitou os movimentos da dançarina, mexeu os quadris, a bunda, e fez a platéia rir. Depois houve umas duas horas de discoteca. O barco parou e os turistas foram se soltar. Quando Michel Telo cantou AI SE EU TE PEGO, o povo enlouqueceu! Eu queria me atirar na água e voltar a nado até o hotel, mas depois de avistar um dos turistas, passei a me divertir. Era um jovem turco nada bonito. Ele estava solto no meio da pista. Curtia o ritmo sem procurar uma parceira. Dançou e se divertiu sozinho, alheio ao publico, alheio ao que os outros iam pensar dele. Não estava nem aí. Dava passinhos desastrosos típicos dos sujeitos tímidos que aprenderam a dançar na solidão dos seus quartos. Adorei o meu John Travolta turco. Não parei de me deliciar com os seus passinhos catastróficos.

4 comentários:

  1. LOL!!!!!!! que viagem... viajei com você... cada lugar incrível e os pratos são de dar água na boca... e tudo mergulhado na aura azul da turquia... Beijos, FAGA.

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  2. Faga
    Fico feliz ao saber que viajou comigo! Foi uma viagem muito peculiar, experimentei grandes emoções. Beijos

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  3. Querida, ninguém descreve como você, quantos detalhes deliciosos! Mas Michel Teló no Bósforo é demais... Uma praga mundial! beijo grande!

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  4. Lilian
    Obrigada pelas palavras! Michel Teló esta bombando na Europa! Beijão

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